CRU: (L. crudo), adj. Que não passou por nenhuma modificação;
que se apresenta no estado natural; bruto; que não está cozido;
figurado que se exprime sem rodeios; sem disfarce, directo; rude;
figurado cruel.
Neste álbum a ambivalência dos significados do adjectivo cru é explorada em todas as suas dimensões.
Crueza refere-se às origens, à brutalidade e àquilo que é rudimentar. Assim, este projecto é sobre o desequilíbrio que inflama o que é belo, as origens cruas da condição humana, o acabamento bruto ou cru da música inteiramente acústica.
Este álbum é sobre a brutalidade acomodada que se opõe à severidade da nitidez de sons puros e focados. Sobre a sexualidade como elemento da criação de crueza viva. É sobre a celebração da vida e a sociedade que ilumina o caminho para a permanente destruição. A transfiguração da carne ao transcendente.
Técnicas dodecafônicas dialogam com as nossas origens musicais europeias, árabes e mediterrâneas; o timbre cru de um búzio contrasta com a complexidade sonora de uma trompete; a água que cai dos instrumentos é elemento musical quando em contacto com uma chapa aquecida; sons animalescos espelham a brutalidade do quotidiano; e a palavra recitada confere textura e significância universal às composições.
Tratam-se de composições sem pompa e circunstância para todo o tipo de audiência.
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